> Escritos: Alentejo

10.5.05

Alentejo

Um breve sopro de vento contraria o calor. Deitado, de braços abertos, olho para cima e vejo o céu azul, límpido. Cá em baixo, no meio da seara dourada, respiro lentamente. As minhas mãos acariciam as espigas e sou levado através da planície ondulada.
Doce e melancólica, esta estende-se até o horizonte, até o infinito. A calma invade-me; as pálpebras, pesadas, cerram-se. O toque suave da pele acaricia-me e denuncia a razão da minha paz. Tudo se espraia lentamente: a planície, a respiração, a carícia, o amor.
Ela está imóvel. Destoam-se apenas os seus cabelos escuros no meio do trigo brilhante ao sol; como que a manter o equilíbrio cósmico. Toco-lhe a cara, como que para me certificar da sua natureza corpórea e não etérea. É real, tal como a minha felicidade.
Uma nuvem tapa o sol, somos cobertos pelas sombras. Uma cigarra canta numa árvore distante. A nuvem passa. Tudo é ritmado, lento, mas seguro.

Tal como o meu amor por ti.

RCA

2 Comments:

Blogger Miguel C. Romão said...

gosto dos ultimos posts, w8 for more.

[]

2:53 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

parabéns pela escrita
parabéns pela liberdade que consegues encontrar dentro de ti
parabéns pela sensibilidade
parabéns pela tua visão
parabéns por ti!....
...tu sabes que sim, tu sabes porquê.........!
GD (()).

5:23 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home