> Escritos: Mar

15.3.05

Mar

Vim para junto do mar; para pensar, escrever um bocado, fumar uns cigarros. Encostei-me a uma pedra, apertei o casaco para me proteger do frio e olhei. Olhei em meu redor e deixei que os meus sentidos tomassem conta de mim.
O azul do céu, carregado de cinzento, junta-se com o azul do mar numa longínqua linha brilhante. As minhas mãos sentem a aspereza das rochas, imperturbáveis e sólidas. Sinto o cheiro da brisa fresca e suave; sinto na boca o sal e humidade do ar. Sou embalado pelo grasnar tranquilo das gaivotas em uníssono com o rebentamento das ondas.
Um choque mais forte faz-me despertar desta sonolência; vejo a maré subir e os pescadores escalar também mais umas rochas. Envergonhado, percebo que os meus problemas são minúsculos comparados com a imensidão do mundo. Levanto-me e afasto-me do mar, mas sempre com o som das ondas nos meus ouvidos, a lembrar-me a minha insignificância.


RCA