> Escritos: Gritos

2.1.06

Gritos

Instantes de sanidade digladiam-se com a eterna dormência e lassidão. Ao longe, as torres brancas são guardiãs da esperança perante os céus baixos, espessos e pesados, prestes a desabar. Gritos ecoam nas falésias e saliências onde as lapas se agarram desesperadamente à vida. Caio de joelhos enquanto a minha garganta se liberta de tanta coisa e de tanto tempo acumulados. Sou fustigado pela brisa salgada e pela chuve doce, como que num paradoxo.

Retraio-me. Já foi tudo libertado; a minha garganta pede tréguas enquanto se inflama. Páro de apelar às torres brancas, cumpriram a sua missão. Suportei a tempestade e ergo-me dos escolhos, enquanto me reinvento. Ultrapassei esta provação, porventura a pior.


RCA